Hoje
vou para outro mundo onde todos nós um dia estivemos ou estaremos. O mundo das
coisas não ditas, das atitudes não tomadas, das respostas não ouvidas. Esse é um mundo gigantesco com o passar dos anos ele vai aumentado, pois nele descobrimos um
consolo, aqui não sofremos ou sofremos menos. Por medo ou cautela evitamos o
dizer ou fazer, pois entendemos que a consequência a do “ não " é melhor do que a do “sim”. Vamos então nos reportar para fora dele
e vamos olhar as situações ali no real. Existe uma mesa e duas pessoas entre elas
um silêncio que só se quebra por um talher que cai ao chão, este ressoa e forma
um eco que tenderia para o infinito desejo de ambos ali. Porém soou
finitamente, retornando ao silêncio de palavras que é substituído por meios
olhares, meios sorrisos de canto de boca. Quem são essas duas pessoas? Estranhos,
conhecidos, parentes......
Vamos
agora olhar para frente, ali tem uma pessoa sozinha, ela caminha uma quadra e
volta, caminha novamente, novamente retorna. Esse vai e vem e ela ergue a
cabeça e avança, de repente abaixa a
cabeça e volta. Espere! Ela parou, parece estar ganhando forças ,
levanta a cabeça. Opa! Tem um sorriso no rosto, caminha a passos largos. CORRA!!!
Ela parou ... abaixou a cabeça, fechou as mãos e voltou...
De
repente uma tristeza... Então vamos olhar para o lado, tem duas pessoas
caminhando muito, mais apenas uma delas percebo que fala. A outra parece não
estar ali, ora balança a cabeça num sinal de concordar e num sorriso
forçado. Percebo que quem fala e não só o faz com som de palavras bem como usa o corpo todo com uma arma de gesticular e sorri e olha para frente, está contente, ofegante, parece que secaram- lhe as salivas, pararam e o falante
comprou uma garrafa d’água, queria oferecer-lhe uma caixa ...
Lá
do outro lado tem uma multidão os braços balançam e carregam bandeiras, tem um
palanque, um homem fala e quando dá uma pausa a multidão aplaude. Percebo que
a frente existe um grupo eufórico que
puxa as palmas, o grupo mais atrás parece que não consegue compreender o
discurso completamente, pois o som não está distribuído por igual. Estes bem que tentam entender o discurso, porém o som cortado é o das palavras de ligação. Quando o grupo eufórico bate palmas “Era o que?!” Batem palmas também. Alguém na frente fez uma pergunta, alguém
atrás queria perguntar, este parece confuso, perdido, parece não saber o que
ocorre. Palmas!!!!!
Aqui atrás tem uma pessoa cruzando a rua, essa pessoa chama a atenção, uma beleza não ditada
pela moda, mas pelo desejo de querer dessa outra pessoa que resolveu parar para
olhá-la. Existe certo receio, quem caminha deu uma olhada de canto de olho e não
correspondeu à pessoa que a admirava como se não existisse mais ninguém ali... ...
Voltando
ao mundo do não, vou chamá-lo assim, encontro essas pessoas lá o que elas têm em comum, medo, precaução, experiência de vida ou paciência? Cabem todos
nele, aqueles que temem serem rejeitados, os que já sabem a resposta, os que
não querem sofrer, os que não querem magoar, os que sabem esperar o momento
certo, os que perderam o momento certo. São sábios os que estão lá?! São os
perdidos?! São os tristes?! Quem escolhe ir para esse mundo?! Sou quase capaz de dizer
que a maioria, pois lá eles disseram, fizeram, não sofreram,
não sentiram ressentimento. Nesse lugar eles convivem em harmonia. No
mundo concreto onde o silêncio ressoa um som de ausência, no mundo do não ele toma forma de
real onde não é real. Onde as duas pessoas naquela mesa não param de falar
entre si, cada uma com sua ideia de resposta e pergunta e diálogo. O que
caminhava e não foi, chegou. Onde o que queria falar sem ser reprimido ou
zoado, falou. Onde aquela pessoa que atravessava a rua encontrou um amor. É
esse o mundo do não, da dúvida, esse é o lugar que escolhemos viver, quando o
mundo, dito real, nos indica o contrário. No mundo do não dito, fala-se muito,
nesse mundo do não feito, faz-se muito, nele para os que têm medo, não existe
temor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário