Sim eu leria
...
...
Não versos tristes
Não de amores enlouquecedores
Consumidores
Deturpadores
Talvez
Versos de serenidade
Que transcendessem não os tempos... nem o espaço
Apenas versos que traduzissem o momento
Então como dizer que não seriam enlouquecedores?!
Como dizer que a sua tradução
Não falaria de vontades e limites que os amantes criam e não conhecem!!
Pois quando se ama... enlouquece
E então a serenidade perde e a vontade ganha
E a cada dia
Se tu me permitisse
É claro
Eu leria um verso
Que traduzisse um amor que é
continuo
Com oscilações de um sentir
diferente a cada dia
Com traduções de amores diferentes
A cada dia seria um amor
Sempre para a mesma pessoa
Sempre dizendo... da mesma pessoa
Sim eu leria
Sim eu te amaria
Um amor permitido
Um amor livre
Um amor sheakespear-iano
( um amor de extremos )
Um amor gonza -guiano
( um amor de fuga )
Um amor boyron-iano
( um amor impossível )
Um amor machad-iano
( um amor no real )
Um amor bilac-iano
( um amor perfeccionista)
Um amor osvald-iano
( um amor próprio- de si mesmo )
Um amor bandeir-iano
( um amor polêmico)
Um amor drummond-iano
( um amor local )
Um amor suassun-iano
( um amor travesso)
E até
Um amor meu
Um amor deles
Um amor com as traduções dos meus amigos
As traduções dos meus pais
Dos meus irmãos
Versos falando de amor
Amor falado em versos
Por todos esses
Por todos nós
De repente me surge uma dúvida!
Todos gostam de versos?!
E me vem a seguinte conclusão
Sim...todos gostam
Ou encontram os versos em si
Ou encontram quem os fale por eles
Não se entristeça se achas que não gosta de versos
Talvez ainda não escreveram os versos que tu gostarias de ouvir
Os versos que tu gostarias de dizer
Entenda!
Não és tu que não gostas de versos
Apenas os versos que tu gostas
Ainda não foram escritos
E de repente surge um medo no leitor
" E se eu morrer
Sem tê-los ouvido
Sem tê-los... dito"
Eu te socorro na falta das palavras
O que importa não são os versos
Mas o que lê e o que ouve
Esses são as chaves-mestra da história
"Então para que servem os versos?"
Eles servem para o que está acontecendo nesse momento
Nesse
Exato
Momento
Pois quando tu começaste a ler
A cada linha surgia uma lembrança
Não a do escritor para o seu amado
Mas a tua para a pessoa que amas
E assim como quem escreve encontra o seu amado
Nas não linhas ainda não criadas
Nas linhas já prontas
Nas entre linhas
Nas linhas que tendem para o infinito
Então quem escreve buscava tocar
Buscava sentir
Um querer
E nasce um desejo de mentira
Um desejo de verdade
Um querer não consumidor
Um querer de tão livre
Entristecedor
Entristecer de ausência
Entristecer de presença
E eu te olhei e tu olhavas num infinito tão longínquo
Eu não me permitia olhar e não me permitia querer
E te transformava em distância
Corpos tão pertos fisicamente
Corpos tão distantes no real
Como a física explica isso?!
Como a ciência nos separa?!
Um querer de olhar infinito
Onde nesse infinito tu me encontravas
Onde
Eu estivesse
Desejos aos quais eu não me permito
E o leitor caminhou comigo
Nessa troca de presença
Presença distante ... ausente ... solitária
E o que escreve se permitiu amar
E o que escreve se permitiu amar
Permitiu-se libertar
Permitiu ... o partir
E quem escreve se permite
Por segundos... no distante mundo do nada provável
Que tudo seja ainda mais improvável
Permite-se encontrar o amor
E ser amada
Quando esse surgir
E a ti dono desses versos
Dono da essência que traduziu essas palavras
A ti permito ser feliz
Pois bem sei que não precisas de permissão
Bem sei que a mesma não te liberta
Mas liberta a mim
E o leitor que seguia essas linhas
Nelas encontrava lembranças
Essas lembranças vos uniam
Lembranças que te faziam rir num submundo do quarto vazio
Num silêncio de paredes que se fecham em quatro
Num conforto de abraço de travesseiro
Na foto ao lado da cama
Na saudade que trazia não dor
Mas paz
Sim eu leria versos de amor
Se tu me permitisses
Só como desculpa para estar ao seu lado
Ah! Sim... eu leria
Ah!! ...Sim......
Ah!!!! ...Se....
...
É claro.
...
É claro.
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