domingo, 25 de março de 2012

Cruz e Souza

Desculpe-nos
Perdoe nossos prés

Por não sermos tão puros
Afim de não reconhecermos o que era por inevitável... reconhecível

Onde erramos nosso poeta de alvas, claras?!
Onde... pecamos de cegueira?!
Onde fomos muitos nós e pouco verdade?!

Tínhamos a ti tão nosso
Tão verdadeiramente simbolista
Tão legitimamente
Da nossa...
Nossa terra

Da nossa...
Nossa gente

Tão meu...
Meu poeta

Tão meu...
Socorro urgente

Cruz!
Crucificamos a ti

Sim
Estou nisso
Meu passado
Nosso passado
Meus antepassados
Nossos... ...

Onde deixamos de nos orgulhar?!
Onde te perdemos?!
Por qual porta partiste
E nos deixaste

Amam-te hoje
Reconhecem-te
Desejam a ti

Desejam tua pele negra
Sua obra tem valor
Tem sustento
Tem preço
Mas agora!!!

O negro da tua pele fere-nos
Mancha a nossa integridade mentirosa

Souza! Em vida fomos muito nós
Em morte procuramos redenção
Tua capacidade foi para nós vaidade
A qual não pudemos abandoná-la
Tínhamos que ser ignorantes
Que valorizar o não nosso

E tu que és tão... nosso
Nosso...
Meu ...
Seu, daqui...
Meu...
Nosso...

Negro da pele ardida
De cabelos grenhos
De olhos negros
Lábios grandes
Negro

Tu estás em mim
Tuas palavras me ajudam
Aliviam – me

Palavras doces
Puras
Limpas

Manchadas por nós
Sujas pela nossa incompreensão

Meus tios na tua pele
Meus avós na tua carne
E em minha nação o pecado
A mentira
A Hipocrisia 
Ignorância

Meu poeta negro
Poeta
Não importa negro
Sim poeta
Com dom

Tu és um diamante
Impedimos tua transformação
Tua lapidação

Diamante negro
Precioso
Bonito
E raro

Abramos nossos olhos
Rejeitemos menos

Sejamos menos nós
Sejamos mais o nosso
Assim espero
Pois têm muitos Cruz
E muitos Souza

Basta para nós não calá-los
Assim desejemos.

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